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Quarta, 23 Agosto 2017 15:10

Empresários têm que se unir para evitar colapso

A maior crise da história brasileira e a séria decadência da economia e da democracia na Venezuela, que já foi o segundo país mais rico da América do Sul, não são obras do acaso. Elas resultam da ideologia de pessoas que, pelo poder e dominação a todo custo, enganam os seus semelhantes. “Os empresários brasileiros precisam se unir para evitar o colapso”, alertou durante encontro da Caciopar no sábado, no Centro Cultural de Guaraniaçu, o advogado e cientista político Frederico Junkert. Se nada for feito e rápido, os mesmos que dilapidaram o país por quase 15 anos podem voltar ao poder em 2018 e então terão aparelhamento e tempo para impor as suas vontades.

Para entrar no tema Cenário político brasileiro: o protagonismo dos empresários na política, Junkert fez uma recuperação histórica de alguns movimentos da política mundial e brasileira a partir do início do século passado. Ele começou pelo massacre de mais quatro milhões de pessoas na antiga União Soviética para que o regime comunista fosse implantado a partir de 1917. Em 1922, criou-se o Partido Comunista no Brasil e em 1935 seus simpatizantes tentaram dar um golpe contra o então presidente Getúlio Vargas. “A ditadura de Getúlio matou dez vezes mais que a ditadura militar no País e quase ninguém fala disso”, observou o cientista político.

A participação do Brasil na 2ª Guerra Mundial levou a questionamentos sérios internamente e promoveria à mudança do regime. Por que estamos em uma guerra na Europa que defende a democracia se aqui vivemos em uma ditadura? Essa foi a reflexão que levou a alterações que, na década de 1960, com o risco de instalação do comunismo levaria ao golpe militar e à cassação do registro do Partido Comunista. “O que somos hoje ainda têm forte conexão com as décadas de 1960 e 1970, porque as pessoas que dão as cartas no jogo político atual tiveram forte atuação política e estudantil na época”, diz Frederico Junkert. O ex-presidente do PT, Rui Falcão, era chefe de redação de uma das principais revistas de circulação nacional, e José Serra e Michel Temer trocaram favores pela presidência da UNE, a União Nacional dos Estudantes.

Com base na doutrina do pai do comunismo italiano, Antonio Gramsci, criaram-se estratégias para o retorno da esquerda ao poder. Mesmo com o uso de algumas táticas de guerrilha, a opção gradual foi pelo aparelhamento do Estado, com a infiltração de simpatizantes nos mais diversos setores organizados para que então quando os comunistas chegassem ao poder não houvesse resistência. Junkert lembrou que a reportagem sobre a Elba que viria a derrubar o presidente Fernando Collor de Mello foi escrita por João Santana, que mais tarde seria marqueteiro do PT. Santana foi preso e virou um dos delatores da Operação Lava Jato. O cientista citou também falhas na Constituição de 1988, que garante muitos direitos e praticamente nenhum dever.

Enquanto nos Estados Unidos a constituição liberal incentiva as pessoas a trabalhar, a estudar e a prosperar, no Brasil a lógica da constituição dirigente é fazer com que o Estado, com uma estrutura gigante e cara, seja o indutor do desenvolvimento. Há cerca de 30 anos, a carga tributária brasileira era de 18% do PIB e hoje esbarra nos 40%. “E se a sociedade não protestar, ela vai subir muito mais e mesmo assim não haverá dinheiro para as coisas que realmente importam para o desenvolvimento saudável do País”. Também não é por acaso que o déficit de 2017 será de R$ 159 bilhões e deverá chegar a R$ 170 bilhões no ano que vem. “Sem as reformas, sem foco no trabalho e sem unidade, as coisas ficarão ainda mais difíceis”, alertou.

Absurdos

Junkert deu alguns exemplos dos absurdos que o Brasil produz e do quanto é preciso avançar para que mudanças consistentes e sérias ocorram. Ele citou o caso de um juiz do Mato Grosso com salário acima de R$ 500 mil mensais (e há centenas de casos nos quais magistrados ganham acima dos R$ 200 mil por mês). Perguntado sobre o que ele pensava disso, o juiz disse que não estava nem aí. “É um tapa na cara do empresário e do trabalhador, que fazem sacrifícios para pagar a conta do serviço público, ouvir um desaforo desse tamanho”, lamentou o cientista político.

Frederico Junkert falou também do custo da Justiça do Trabalho para 2018. Será de R$ 20 bilhões enquanto que para o trabalhador, por meio de ações, serão pagos R$ 13 bilhões. “Se acabarmos com ela e dermos esse dinheiro a quem reivindica, ainda sobrariam R$ 7 bilhões à União”. E há ainda o caso de licitação, com dinheiro público, para a contratação de personal trainer para juízes. O cientista ainda citou sobre a queda do Império Romano, o desvirtuamento de algumas funções de integrantes da igreja e a formação dos primeiros estados a partir do século 15, que explica o início do serviço público e o inchaço das máquinas públicas devido à ambição desenfreada de alguns. Junkert também citou dois extremos da América do Sul atual, a Venezuela e o Paraguai.

Durante décadas, a Venezuela foi um país próspero e de boa qualidade de vida. Com a chegada de Hugo Chaves ao poder e com a continuidade de Nicolás Maduro, a esquerda destruiu as bases do país e hoje as pessoas, com exceção dos protegidos pela ditadura, não têm o que comer. Já no Paraguai, onde os empresários reassumiram o poder, o crescimento do PIB chega a dois dígitos por ano. “Cabe às pessoas sensatas do Brasil escolher qual via querem seguir”, alertou Junkert. A esquerda e o PT demonizam os empreendedores, mas 70% deles têm renda de apenas até três salários mínimos por mês. “Devemos nos unir para, com o voto consciente, devolver o Brasil, de fato, aos brasileiros que se importam com ele”, afirmou.

Créditos: Assessoria Caciopar - caciopar@caciopar.org.br